Uma transformação silenciosa está acontecendo no setor de marketing digital brasileiro: empresas estão evoluindo de prestadoras de serviços tradicionais para parcerias estratégicas que assumem responsabilidade direta pelo crescimento dos clientes. Essa mudança de paradigma está gerando resultados expressivos tanto para fornecedores quanto para contratantes.
A Corre MKT, empresa paulista fundada em 2019, exemplifica essa evolução ao formalizar seu reposicionamento como aceleradora de marketing digital. A transformação não é apenas conceitual: em 2024, a empresa gerou mais de R$12 milhões em receita comprovada para clientes, registrando faturamento próprio de R$2 milhões e crescimento superior a 100% nos últimos dois anos.
Novo modelo econômico no marketing digital
A mudança reflete uma tendência maior identificada por especialistas do setor. Pesquisa da Amazon divulgada pela EXAME confirma que 64% das pequenas e médias empresas aumentaram investimentos em publicidade digital no último ano, mas nem todas obtêm retorno proporcional.
“A diferença está em quem você contrata: fornecedores que executam tarefas ou parceiros que co-participam do crescimento”, explica Raphael Silva, CEO e co-fundador da Corre MKT. A empresa expandiu de 5 para 20 funcionários nos últimos dois anos, demonstrando como inovação em modelo de negócio pode gerar crescimento sustentável.
Da execução para a co-responsabilidade
O modelo tradicional de agências baseado em escopo de trabalho e entregáveis está dando lugar a parcerias onde fornecedores assumem responsabilidade pelos resultados financeiros finais. Em vez de cobrar por posts, campanhas ou relatórios, as aceleradoras focam em crescimento mensurável do negócio.
“Não vendemos posts ou campanhas. Vendemos aceleração”, detalha Silva. “Nosso sucesso está diretamente conectado ao sucesso do cliente. Se ele não cresce, testamos novamente, revisamos a estratégia até encontrarmos um caminho que funcione.”
Estratégias personalizadas geram resultados documentados
A abordagem da Corre baseia-se na personalização de estratégias através da combinação inteligente entre quatro canais principais: mídia paga, SEO, CRM e social media. Cada cliente recebe uma combinação única baseada em seu perfil de negócio e objetivos específicos.
Sysvision, consultoria de tecnologia adquirida recentemente pelo Grupo Deal, ilustra o potencial da nova abordagem. A empresa enfrentava desafio típico de mercados B2B: educar prospects sobre soluções complexas e gerar leads qualificados. Através de estratégia integrada envolvendo os quatro canais coordenados, fechou mais de R$10 milhões em novos contratos.
“A Corre foi um divisor de águas para nós. Antes, nosso marketing era só institucional, mas a equipe trouxe uma visão com foco em negócios e isso mudou nosso rumo. Hoje, temos uma operação de marketing sustentável que gera leads para abastecer o nosso comercial de forma recorrente”, relata Luciano Vernaglia, CEO da Sysvision.
Transformação digital em setores tradicionais
Divinal Vidros, uma das mais tradicionais beneficiadoras de vidro do Brasil, representa outro caso de transformação. A empresa precisava se digitalizar mantendo sua essência, criando uma metodologia estruturada de geração de demanda integrada entre Marketing e Vendas.
A solução coordenada resultou em R$1 milhão adicional em receita gerada pelo digital e retorno de 13x sobre investimento em campanhas pagas, provando que inovação em modelo de negócio funciona mesmo em setores tradicionais.
Impacto na economia digital brasileira
A evolução observada na Corre reflete o amadurecimento do mercado brasileiro de marketing digital, que movimenta bilhões anuais mas ainda enfrenta desafios de eficiência operacional. Empresas estão migrando de relacionamentos transacionais para parcerias estratégicas baseadas em resultados mensuráveis.
O portfólio diversificado da empresa – que inclui desde startups como Flash, Basement e Mova até grandes marcas como Suntory Global Spirits, passando por educação com Maple Bear e Ítalo Brasileiro – demonstra versatilidade do modelo em diferentes setores da economia brasileira.
Perspectivas para o setor
“PMEs estão investindo mais, mas muitas vezes de forma desconectada. Cada real gasto precisa gerar retorno máximo”, analisa Silva. Para pequenas e médias empresas, que representam a espinha dorsal da economia brasileira, eficiência em marketing digital pode significar diferença entre crescimento e estagnação.
“Não é sobre revolucionar o marketing. É sobre fazer o ‘arroz com feijão’ direito: coordenar ações para que uma potencialize a outra”, complementa o executivo.
