A Umbanda é uma das manifestações mais significativas da espiritualidade no Brasil. Ela se formou oficialmente em 1908, quando um médium recebeu a visita do espírito Caboclo das Sete Encruzilhadas. Essa religião mistura as práticas e ensinamentos dos povos africanos, indígenas, católicos e do espiritismo.
Um dos pilares essenciais da Umbanda é o conceito das sete linhas, que são forças divinas organizadoras do universo espiritual. Elas permitem que a energia dos Orixás se manifeste na Terra através de médiuns e guias espirituais.
Cada linha é como um rio de energia que flui de um Orixá principal, desdobrando-se em várias falanges e entidades. Esses grupos trabalham em conjunto, ajudando os praticantes em curas, proteção e evolução espiritual.
É importante saber que as sete linhas podem mudar conforme cada terreiro. Isso quer dizer que a forma de estudar e nomear essas linhas pode variar. Cada casa tem suas tradições e formas de manifestar seus guias.
O que são as sete linhas da Umbanda
As sete linhas representam os aspectos divinos do Criador, conhecidos na Umbanda como Tronos. Cada uma delas reflete valores universais, como amor, fé, lei e sabedoria. Os Orixás atuam nessas linhas junto a entidades como caboclos e pretos-velhos.
As linhas funcionam como grandes campos de força, enquanto as falanges são grupos menores, formados por espíritos que têm objetivos similares. Assim, um Orixá pode se manifestar de diferentes maneiras, sempre adaptando-se às necessidades do trabalho espiritual.
As 7 linhas da Umbanda e seus Orixás
As linhas da Umbanda funcionam como correntes de luz que mantém o equilíbrio entre o espiritual e o mundo material. Cada linha foca em uma área da vida, como amor e transformação, e é regida por Orixás que se manifestam por meio de várias entidades.
Compreender essas linhas ajuda a entender como a Umbanda organiza o universo espiritual. Cada vibração dessas linhas nos orienta em diferentes momentos da vida.
1. Linha da Fé – Oxalá
Cor: branco e prateado
Principais entidades: caboclos de Oxalá, monges e santos católicos.
A Linha da Fé é a mais alta das sete. Sob a regência de Oxalá, representa luz, pureza e criação. Sincretizada com Jesus Cristo, essa linha é sobre religiosidade, conectando o ser humano ao Criador. Quando alguém busca Oxalá, encontra paz, perdão e a chance de começar de novo.
2. Linha da Água – Iemanjá e Oxum
Cor: azul-claro (Iemanjá) e dourado (Oxum)
Principais entidades: caboclas do mar e ninfas.
Liderada por Iemanjá, a Rainha do Mar, essa linha lida com emoções e amor. Oxum, deusa das águas doces, traz fertilidade e prosperidade. Essa linha protege famílias e ajuda na cura emocional, promovendo o amor próprio.
3. Linha da Justiça – Xangô
Cor: marrom e vermelho-terra
Principais entidades: caboclos pedreiras e espíritos de juízes.
Regida por Xangô, esta linha fala sobre sabedoria e equilíbrio. No sincretismo, aparece como São Jerônimo e São Miguel Arcanjo. Xangô ensina que ação traz consequências e sua energia é para buscar justiça e equilíbrio nas relações.
4. Linha da Força e das Demandas – Ogum
Cor: vermelho e azul-escuro
Principais entidades: boiadeiros e caboclos de batalha.
Ogum é o guerreiro que abre caminhos e enfrenta desafios. Essa linha promove coragem e proteção, afastando energias negativas que podem atrapalhar nossa evolução. Essa força incentiva a disciplina e a luta pelos objetivos.
5. Linha do Conhecimento – Oxóssi
Cor: verde
Principais entidades: caboclos das matas e curandeiros.
A Linha de Oxóssi enfatiza sabedoria e busca interior. Conectada com as florestas, essa linha ajuda a entender o equilíbrio entre corpo, mente e espírito. Os caboclos ensinam que aprender é fundamental para alcançar a liberdade e prosperidade.
6. Linha da Infância – Ibeji (Crianças)
Cor: rosa, azul-claro e branco
Principais entidades: Cosme, Damião e espíritos infantis.
Ibeji representa a pureza e a alegria. Essa linha é sobre inocência e amor incondicional, mostrando que simplicidade leva a Deus. Quando esta linha se manifesta, traz riso e brincadeiras, mostrando que fé também é leveza e confiança.
7. Linha das Almas – Pretos-Velhos
Cor: roxo, preto e lilás
Principais entidades: Vovó Cambinda e Pai Joaquim das Almas.
Essa linha é respeitada e atua na cura e humildade. Os pretos-velhos são espíritos de antigos escravizados que, mesmo com dor, ensinam paciência. Eles ajudam a transformar sofrimentos em sabedoria, ligando o mundo físico ao espiritual.
As falanges da Umbanda
Cada linha se amplia em várias falanges, que são grupos de entidades com funções específicas. Na linha de Oxóssi, por exemplo, há os Caboclos das Matas e os Caçadores. Já na de Ogum, atuam os Boiadeiros e os Marinheiros. Essas variações demonstram a diversidade da Umbanda, mostrando que existem muitos caminhos para alcançar o amor divino.
Como se conectar com as sete linhas da Umbanda
Para sentir a energia das linhas, não é preciso ser médium. A conexão pode ser feita através de oração, caridade e auto-observação. Cada linha traz uma lição a ser seguida na vida:
- Oxalá: serenidade e fé.
- Iemanjá e Oxum: amor e acolhimento.
- Xangô: discernimento e justiça.
- Ogum: coragem e foco.
- Oxóssi: aprendizado e prosperidade.
- Ibeji: alegria e pureza.
- Pretos-Velhos: humildade e sabedoria.
A Umbanda ensina que todos fazem parte dessas forças. Ao equilibrarmos nossas ações com essas energias, podemos viver com mais leveza e propósito.
Ao honrarmos as sete linhas, também honramos a divindade que existe dentro de nós. Que cada passo em seu caminho seja iluminado por essas energias, mantendo a fé como ponte entre você e o sagrado.
